Os ciganos são um povo nômade amante da música, das cores alegres e
da magia, que foi expulso por invasores árabes há quase 3 mil anos da
região noroeste da Índia, onde hoje é o Paquistão. Depois de vagar pelas
Terras do Oriente, os ciganos invadiram o Ocidente e espalharam-se por
todo o mundo. Essa invasão foi uma das únicas na história da
humanidade que foi feita sem guerras, dor ou derramamento de sangue.
Trata-se de uma invasão cultural e espiritual e ao contrário do que
muitos pensam, o Povo Cigano é que foi perseguido, julgado e expulso ao
longo do seu pacífico caminhar.
O que não se sabe ainda é se esses
eternos viajantes pertenciam a uma casta inferior dentro da hierarquia
indiana (os parias) ou de uma casta aristocrática e militar, os
orgulhosos (rajputs). Independente de qual fosse seu status, a partir
do êxodo pelo Oriente, os ciganos se dedicaram com exclusividade a
atividades itinerantes: como ferreiros, domadores, criadores e
vendedores de cavalo, saltimbancos, comerciantes de miudeza e o melhor
de suas qualidades que era a arte divinatória. Viajavam sempre em
grandes carroças coloridas e criaram nomes poéticos para si mesmos.
São
mais de 15 milhões de ciganos em diferentes pontos da Europa, Ásia,
África, América, Austrália e Nova Zelândia. Quase sempre os ciganos eram
bem recebidos nos países onde chegavam. Os chefes das tribos
apresentavam-se de forma pomposa, como príncipes, duques e condes
(títulos, aliás inexistentes entre os ciganos). Diziam-se peregrinos
cristãos vindos do Egito e, assim obtinham licença das autoridades
locais para se instalarem.
Na Moldávia e na Valáquia (atual Romênia),
os ciganos foram escravizados durante trezentos anos; na Albânia e na
Grécia pagavam impostos mais altos. Na Alemanha, crianças ciganas eram
tiradas dos pais com a desculpa de que “iriam estudar”, enquanto a
Polônia, a Dinamarca e a Áustria puniam com severidade quem os
acolhesse. Nos países baixos inúmeros ciganos foram condenados à forca e
seus filhos obrigados a assistir à execução dos pais para que assim
aprendessem a “lição de moral”. Apenas no país de Gales eles tiveram
espaço para manter parte das suas tradições e a língua. Na região de
Andaluzia (Espanha), encontraram facilidades e estabeleceram-se. Mesmo
assim, durante a inquisição católica, vários deles foram expulsos pelos
tribunais do Santo Ofício.
Rotulados injustamente como ladrões,
feiticeiros e vagabundos, os ciganos tornaram-se um espelho onde os
homens das grandes cidades e de pequenos corações expiaram suas raivas,
frustrações e sonhos de liberdade destruídos.
Pacientemente, este
povo diferenciado, continuou sua marcha e até hoje seus estigmas não
sararam. O homem moderno ainda não aprendeu a viver e deixar viver.
Diferente continua sendo o sinônimo de inimigo. Mas a “alma cigana”
perfuma o lugar por onde passa. O Povo Cigano é guardião da LIBERDADE.
A vida é uma grande estrada, a alma é uma pequena carroça e a Divindade é o Carroceiro.
Com
valores muito diferente dos nossos, os ciganos estão longe de querer o
poder e não fazem a mínima questão de ascender na escala social. Os
“golpes” que aplicam nos “gadjé” (nome dado aos não ciganos) são mais um
meio de provar sua superioridade do que um jeito de enriquecer fácil. É
também em nome dessa superioridade (cujas raízes estão em lendas como a
de que os ciganos seriam filhos da primeira mulher de Adão, Lilith, e,
portanto, livres do pecado original) que eles não aceitam de modo
algum ser empregados dos “gadjé” e apegam-se a antigas profissões
artesanais que caracterizam suas tribos e são ensinadas desde cedo às
crianças.
A família é a base da organização social dos ciganos,
não havendo hierarquia rígida no interior dos grupos. O comando
normalmente é exercido pelo homem mais capaz, uma vez que os ciganos
respeitam acima de tudo a inteligência. Este homem é o Kaku e
representa a tribo na Krisromani, uma espécie de tribunal cigano
formado pelos membros mais respeitados de cada comunidade, com a função
de punir quem transgride, a rígida ética cigana. A figura feminina tem
sua importância e é comum haver lideranças femininas como as phury-day
(matriarca) e as bibi (tias-conselheiras), lembrando que nenhum cigano
deixa de consultar as avós, mães e tias para resolver problemas
importantes por meio da leitura da sorte.
O misticismo e a
religiosidade, fazem parte de todos os hábitos da vida cigana. A maior
parte deles acredita em um único deus (Dou-la ou Bel) em eterna luta
contra o demônio (Deng). Normalmente, assimilam as religiões do lugar
onde se encontram, mas jamais deixam de lado o culto aos antepassados, o
temor dos maus-olhados, a crença na reencarnação e na força do destino
(baji), contra a qual não adianta lutar. Quase todos são devotos de
“Santa Sara”, que é reverenciada nos dias 24 e 25 de maio, em
procissões que lotam Lês Saints Maries de La Mer, em Camargue, no Sul
da França.
A sexualidade é outro ponto importante entre os ciganos.
E, ao contrário do que se imagina, eles têm uma moral bastante
conservadora. Alguns mitos antigos falam da existência das
mães-de-tribo, que tinham um marido e um “acariciador”. Outros falam
das gavalies de la noille, as misteriosas noivas do fim de noite, com
quem os kakus se encontravam uma única vez, passando desde então, a ter
poderes especiais. Mas o certo mesmo é que os ciganos se casam cedo,
quase sempre seguindo acordos firmados entre as duas famílias. Não
recebem nenhum tipo de iniciação sexual e ter filhos é a principal
função do sexo. Descobrir os seios em público é comum e natural, mas
nenhuma mulher pode mostrar as pernas, pois da cintura para baixo todas
são merimé (impuras). Vem daí a imposição das saias compridas e
rodadas para as mulheres, que também são proibidas de cortar os
cabelos, e nunca sentam à mesma mesa que os homens. Ironicamente, como
praticantes da magia e das artes divinatórias, são elas que cada vez
mais assumem o controle econômico da família, pois a leitura da sorte é
a principal fonte de renda para a maioria das tribos. O resultado é
uma situação contraditória, em que o homem manda, mas é a mulher quem
sustenta o grupo.
A CULTURA
A cultura dos ciganos,
representada por um conjunto de tradições e crenças, está em fase de
constante mudança e, em alguns casos, está se desagregando de maneira
irreversível perante a hegemonia da cultura da sociedade sedentária.
Existem algumas mudanças que permitem prever um caminho em direção a
uma tomada de consciência difundida entre Rom, Sintos e Gitanos. No
plano social e político, no decorrer dos últimos anos, foi-se
delineando um amadurecimento, que resultou no surgimento de formas
associativas e de movimentos de âmbito internacional.
Na metade dos
anos 60, aconteceu a fundação da União Internacional Romaní, seguida
pelo surgimento de numerosas Organizações Ciganas, que apareceram no
decorrer dos últimos 30 anos defendendo a causa da minoria cigana e
tutelando sua cultura. Algumas delas contam com a participação conjunta
de ciganos e gadjê, outras são geridas exclusivamente por membros das
diversas comunidades ciganas.
Os ciganos viveram e vivem diante de uma realidade complexa e às vezes difícil de decifrar.
Em
meio a situações de desagregação social e à perda de identidade,
surgem sinais contrapostos de esperança e de renovação que testemunham
uma rebelião contra um destino amargo.
A defesa do direito à
diferença; uma diferença que, no caso dos ciganos, pode conter aspectos
que para muitos são difíceis de entender e de compartilhar. É preciso
ter consciência de que tais formas de “desvio social” não são
peculiares à cultura romaní, mas frequentemente, são consequência da
secular rejeição oposta a eles pelas sociedades circunstantes.
Os
ciganos constituem talvez o último desafio a um modelo de vida voltada à
especulação e ao cimento: o futuro deles depende da boa vontade dos
povos vizinhos. Eles continuarão a existir na medida em que a sociedade
dos gadjê (não ciganos) não ficar indiferente às suas ansiedades, a
seus problemas e às suas aspirações.
A LEITURA DAS MÃOS
As linhas das mãos, tem grande importância, a saber:
Por toda energia que conduzem e alimentam
Por elas correm chaves que desvendam o futuro, o presente e o passado
São expressões mutáveis
Revela o comportamento e personalidade do indivíduo
São quatro as linhas principais: do destino, da vida, da cabeça e do coração
Quando
uma linha é forte, bem marcada e com poucas divisões e sinais,
significa que a energia que por ali corre e normal e repleta de
vitalidade
Quando a linha é fraca e com outras demais difusas, significa que a energia é lenta e com vários obstáculos em questão.
LINHA DA VIDA
Passa informações sobre nossa saúde e também sobre o modo como lutamos pelo sucesso.
Normal: Quando seu traçado é bem definido e regular, caracteriza pessoa equilibrada e saudável.
Interrompida: Quando há falhas no seu traçado, indica problemas de saúde ou mudanças radicais na vida.
Em cadeia: Quando o traçado lembra os elos de uma corrente, indica grande inteligência e saúde frágil.
Ramificada:
Quando a linha é cortada por traços ascendentes, voltados na direção
dos dedos, promessa de riqueza e felicidade. Quando os tracinhos são
descendentes, voltados para o pulso, possibilidade de desgostos e
sacrifícios.
Dupla: Identifica pessoas com capacidade de se recuperar das doenças e de agir com segurança nas situações difíceis.
LINHA DA CABEÇA
Representa inteligência, criatividade e capacidade de concentração.
Longa: Quando se estende até o pulso, indica pessoa calma, inteligente e responsável.
Curta: Quando não chega até o pulso é porque a pessoa é dispersiva e um pouco limitada intelectualmente.
Em
cadeia: Quando seu traçado lembra os elos de uma corrente, indica
pessoa nervosa, que pode ter problemas de saúde derivados de pressão
alta.
Ramificada: Se ela é cortada por traços ascendentes que se
voltam na direção dos dedos, indica bons pensamentos e capacidade de
tomar decisões acertadas. Se os traços são descendentes, voltados para o
pulso, indicam possibilidade de remorso por decisões tomadas sem
reflexão.
Chegando até o Monte da Lua: Define pessoas com tendência
ao alcoolismo e outros vícios e a práticas esotéricas não
recomendáveis, como a magia negra.
LINHA DO CORAÇÃO
Reflete as nossas tendências emocionais e afetivas.
Normal: Quando seu traçado é regular e bem definido, revela pessoa generosa, simpática, cordial e amorosa.
Grossa:
Pessoa ciumenta e aventureira. Quanto mais destacado for o seu
traçado, maior o indício de que ela se deixa levar mais pela emoção do
que pela razão.
Fina: Identifica aquelas pessoas que, quando estão apaixonadas, se entregam totalmente, esquecendo até as regras morais.
Em cadeia: Quando seu traçado lembra os elos de uma corrente, é sinal de vida amorosa complicada.
Ramificada:
Se essa linha é cortada por pequenos traços ascendentes, que sobem em
direção aos dedos, é sinal de pessoa de temperamento alegre e sempre
disposta a ajudar os outros. Os tracinhos descendentes, que seguem em
direção ao pulso, são sinais de inimizades e obstáculos à realização
amorosa.
LINHA DO DESTINO
Refere-se à vida profissional as
alegrias e dificuldades que poderemos encontrar no trabalho e nossas
chances de sucesso social.
Linha dos filhos: Indica a capacidade que a
pessoa tem de gerar filhos. Se for apenas uma linha, é porque,
provavelmente, ela sé terá um filho. Se forem duas, é porque ela poderá
ter dois filhos. Se forem três, três filhos, e assim por diante.
Linha da intuição: Indica grande capacidade de perceber e seguir o que dita a intuição.
Linha
das viagens: Se o seu traçado for curto, é porque, possivelmente, a
pessoa só fará uma viagem importante. Se for longa, indica a
possibilidade de viagens constantes.
Linha lasciva: Sinal de pessoa leal e sincera, desejosa de ajudar os mais necessitados.
Normal: Quando ela tem traçado bem definido, promete uma vida profissional sem grandes problemas ou turbulências.
Interrompida:
Quando seu traçado não é contínuo, indica possibilidade de mudanças
súbitas de profissão ou de situação financeira.
Ramificada: Quando
ela é cortada por traços ascendentes, que apontam na direção dos dedos,
anuncia sucesso profissional. Quando esses traços são descendentes,
apontando para o pulso, anunciam problemas no trabalho.
Começando
junto à Linha da Vida ou dentro do Monte de Vênus: – Mostra
interferência da família ou dos filhos nos rumos da vida profissional.
Começando
no Monte da Lua: Indica possibilidade de sucesso em atividades
religiosas, políticas e artísticas e ainda chances de grande projeção
social.
LINHA SOLAR
Pode não aparecer em todas as mãos, porque
indica características muito especiais, relacionadas ao talento e
qualidades artísticas.
Reta e bem definida: Indica que a pessoa terá sucesso no ramo artístico.
Curta:
Para que a pessoa tenha sucesso na área artística, terá de lutar
muito. Possivelmente não receberá ajuda de ninguém e tudo o que
conseguir virá pelo esforço próprio.
Ramificada: Quando ela é cortada
por traços ascendentes, que apontam na direção dos dedos, é sinal de
grande sucesso artístico. Quando os traços são descendentes, apontando
para o pulso, indicam sucesso apenas regular.
Começando no Monte de
Vênus: Indica que a pessoa já nasceu com talento para as artes ou que
pode ser ajudada pela família nessa área.
Começando acima da Linha da Cabeça: Indica que o sucesso nas atividades artísticas vai demorar para chegar.
LINHA MERCURIANA
Também
chamada de Linha da Intuição ou linha da inteligência, refere-se à
inteligência, aos dons intuitivos ou à mediunidade. Pode também dar
indicações sobre nossa saúde e vida social.
Longa: Prenúncio de vida saudável e dons para o comércio e para as atividades científicas.
Curta: É um alerta para a necessidade de cuidar bem da saúde, porque o organismo apresenta alguns pontos fracos.
Em
cadeia: Quando seu traçado lembra os elos de uma corrente, sugere que a
pessoa está sujeita a passar por problemas afetivos e deve, por isso,
evitar situações de confronto e conflito.
Seguindo até o Monte da
Lua: Quem tem essa linha na palma da mão possui muita imaginação e
talento para a poesia. Usa sua inspiração para se orientar nos negócios
e quase nunca erra, o que lhe garante uma boa situação financeira.
Seguindo
até entre as Linhas do Coração e da Cabeça: Significa que a pessoa tem
boa saúde, mas terá de superar muitos obstáculos na vida e trabalhar
bastante se quiser progredir.
SANTA SARAH
Protetora do Povo Cigano
O
mistério envolve o povo cigano como o ar que ele respira. Da Lua
Cheia, retira a magia; da dança e da música, toda a alegria; da
natureza, a força e a energia. E para Santa Sarah, ele volta sua fé,
seus pedidos e seus agradecimentos.
Saiba tudo sobre essa santa,
as muitas lendas em torno da sua vida, do seu poder e uma oração para
invocá-la, antes de ler as cartas e também nos momentos difíceis.
O inicio de sua Adoração
Para
desvendar um pouco do mistério que acompanha Santa Sarah e descobrir
porque ela é tão venerada pelos ciganos, é preciso voltar ao tempo, na
Idade Média, particularmente na Europa.
A religiosidade faz parte
da vida dos ciganos, desde o nascimento até a morte, e para poderem
cultuar seus santos sem serem vítimas dos preconceitos dos não-ciganos é
que eles costumavam se converter à religião dominante do local em que
se estabeleciam. Então, os grupos que foram para a Europa se declararam
católicos e se ligaram a Santa Sarah que tinha origens misteriosas e a
pele morena, como eles.
História Ou Lenda ?
Dessa aura de
mistério que pairava na imagem de sarah surgiram várias versões para o
seu aparecimento. Ela é considerada uma santa católica, mas não passou
pelos processos de canonização desta igreja. Também se liga a uma forte
tradição européia medieval, o culto às virgens negras. Muitas
santidades femininas, representadas por estátuas negras, foram adoradas
durante toda a Idade Média. E muitos católicos transformavam as
igrejas em santuários de peregrinação.
Uma das lendas diz que sara
era uma escrava egípcia de uma das três Marias, Madalena, Jacobé ou
Salomé; e junto com José de Arimatéia, Trófimo e Lázaro foi colocada,
pelos judeus, em uma barca sem remos e alimentos. Talvez por um
milagre, ou por obra do destino, eles chegaram a salvo a uma praia
próxima a Saintes Maries de La Mer, em Camargue , região do sul da
França.
Outra versão conta que Sarah era moradora de Camargue e teve
piedade das Marias, resolvendo ajudá-las. Também dizem que ela era uma
rainha das terras de Camargue ou uma sacerdotisa do antigo culto celta
ao deus Mitra.
Uma das explicações para estas lendas é que em
Camargue existiram várias colônias de antigas civilizações, como a
egípcia , a cretense, a fenícia e a grega. Por isso, muitos poetas e
menestréis contaram a lenda de Sarah, de acordo com o que ouviram de
seu povo, e assim, o mito em torno dessa poderosa santa foi difundido
pelo mundo e ela continua, até hoje, a ser adorada entre as comunidades
ciganas.
ORAÇÃO À SANTA SARAH:
” Estrela azul de D’arma,
pelos sagrados símbolos do triângulo e da cruz, eu ( diga seu nome ),
nascido(a) no dia ( data de seu nascimento ), regido(a) e protegido(a)
por ( planeta regente e anjo da guarda ), peço ao Povo Cigano, (
mentalizar a energia que o(a) acompanha, apenas o cigano ou cigana ),
que traga para mim ( pedidos em número impar ), em nome de Santa Sarah e
do Mestre dos mestres, Jesus o Cristo.
Que assim seja para todo o sempre.”
Amem.
SUNTÔ MARIÔNÊ ( Ave Maria Cigana ):
“Suntô Mariônê, pérdô san andô svêtô ô Del tu sai.
Uusi san angla sá e juvliá uusôi ô fruktô kai arakádilas tutar Jesus.
Suntô Mariônê Del leski dei rudissar paala amarrê becerra akaanak ai kana méérassa.
Amém”
ROMANÊS O IDIOMA DO POVO CIGANO:
O
Romanês, um idioma muito diferente do português e exclusivo deste
povo, é um vocabulário que se originou pela mistura de muitos outros,
resultado de suas andanças pelo mundo. É impossível vinculá-lo a um
único idioma ou etnia. Conheça algumas palavras e sua tradução:
PEQUENO DICIONÁRIO ROMANÊS:
Acans: olhos
Aruvinhar: chorar
Bales: cabelos
Baque: sorte, fortuna, felicidade
Bato: pai
Brichindin: chuva
Cabén: comida
Cabipe: mentira
Cadéns: dinheiro
Calin: cigana
Calon: cigano
Churdar: roubar
Dai (ou Bata): mãe
Dirachin: noite
Duvêl: Deus, Nosso Senhor, Cristo
Estardar: prender
Gadjó: não cigano
Gajão: brasileiro, senhor
Gajin: brasileira, senhora
Jalar: ir embora
Kachardin: triste
Kambulin: amor
Lon: sal
Marrão: pão
Mirinhorôn: viúva
Naçualão: doente
Nazar: flor
Paguicerdar: pagar
Panin: água
Paxivalin: donzela
Querdapanin: português
Quiraz: queijo
Raty: sangue
Remedicinar: casar
Ron: homem
Runin: mulher
Sunacai: ouro
Suvinhar: dormir
Tiráques: sapatos
Trup: corpo
Urai: imperador ou rei
Urdar: vestir
Vázes: dedos ou mão
Xacas: ervas
Xinbire: aguardente
Xôres: barbas
AGENDA CIGANA:
As datas mais importantes para os ciganos são:
• NATAL
• PÁSCOA
• DIA DE SANTA SARA, 24 de maio
• SEMANA SANTA
• DIA DO CIGANO, 12 de outubro
COMO OS CIGANOS SÃO CONHECIDOS PELO MUNDO:
GITANOS: na Espanha
GYPSIES: na Inglaterra
BOÊMIOS: na Alemanha
ZÍNGAROS: na Itália
ROM: na Europa Oriental
O Baralho Cigano
O
Baralho Cigano foi elaborado pelos ciganos com base no oráculo mais
conhecido e difundido no mundo: o Tarô. Supõe-se que os ciganos até
chegaram a usar as 78 lâminas do Tarô, porém, sentiram a necessidade de
terem um oráculo próprio e resolveram adaptar as 78 lâminas em 36,
surgindo assim, o Baralho Cigano.
Acredito que a necessidade de se
ter um oráculo próprio veio da natureza dos ciganos, que só usavam o
que era deles e recusavam tudo o que fosse dos “Gadjos” (não-ciganos),
pois não queriam ficar presos às idéias e símbolos que não pertenciam à
sua cultura e cotidiano. Sendo assim, eles transformaram os desenhos,
mudaram os significados do tarô original e puderam trabalhar com um
instrumento próprio.
Encontramos, basicamente, no Baralho Cigano
símbolos que falam só da vida ao ar livre, a natureza, rios, árvores,
animais, que são sempre retratados porque fazem parte do dia a dia dos
ciganos.
Na maioria das cenas retratadas nas lâminas, vemos a
necessidade que esse povo tem de liberdade e da vida em constante
contato com a natureza.
Faz parte da tradição cigana a prática da
adivinhação pelas mulheres, porém, elas possuem dois tipos de cartas:
uma para o uso restrito ao grupo cigano, e outro para fazer adivinhação
à comunidade.
Para conhecer o Baralho Cigano e conhecer o
significado de cada lâmina(carta), acesse a página
http://www.reinodeoxum.com.br/BaralhoCigano.htm. Você irá conhecer cada
carta do baralho e o que ela representa.
A Origem do Povo Cigano ..::
A
origem indiana dos ciganos é hoje admitida por todos os estudiosos.
População indo-européia, mais especialmente indo-iraniana: não há
dúvidas quanto ao que diz respeito à língua e à cultura. Os indianistas
modernos, no entanto, têm tendência a não considerá-lo um grupo
homogêneo, mas um povo viajante muito antigo, composto de elementos
diversos, alguns dos quais poderiam vir do sudeste da Índia.
A
maior parte dos indianistas, porém, fixa a pátria dos ciganos no
noroeste da Índia. A maioria, igualmente, os ligam à casta dos párias.
Isso em parte por causa de seu aspecto miserável, que não se deve a
séculos de perseguição, pois foi descrito bem antes da era das
perseguições. Também por causa dos empregos subalternos e das profissões
geralmente desprezadas na Índia contemporânea pelos indianos que lhes
parecem estreitamente aparentados.
Um dos nomes mais
freqüentemente dados aos ciganos era o de Egypcios. Por que esse nome,
por que os títulos de duque ou conde do Pequeno Egito adotados com
freqüência pelos chefes ciganos? Uma crônica de Constâncio menciona os
“Ziginer”, que visitam, em 1438, a cidade de uma ilha “não distante do
Pequeno Egito”. Um dos principais centros na costa do Peloponeso
encontrava-se ao pé do monte Gype, conhecido pelo nome de Pequeno
Egito.
Pode-se perguntar por que o local era chamado de Pequeno
Egito. Não seria justamente por causa da presença dos Egypcios? O certo
é que não pode se tratar do Egito africano. O itinerário das primeiras
migrações ciganas não passa pela África do Norte. O geógrafo Bellon,
ao visitar o vale do Nilo no século XVI, encontra, diz ele, pessoas
designadas de Egypcios na Europa, pessoas que no próprio Egito eram
consideradas estrangeiras e recém-chegadas.
Nenhum argumento
histórico ou lingüístico permite confirmar a hipótese de algum êxodo
dos ciganos do Egito, ao longo da costa africana para ganhar, pelo sul,
a península ibérica. Ao contrário, os ciganos chegaram à Espanha pelo
norte, depois de terem atravessado toda a Europa.
O cigano
designa a si próprio como Rom, pelo menos na Europa (Lom, na Armênia;
Dom, na Pérsia; Dom ou Dum, Síria) ou então como Manuche. Todos esses
vocábulos são de origem indiana (manuche, ou manus, deriva diretamente
do sânscrito) e significam “homem”, principalmente homem livre. “Rom” e
“Manuche” se aplicam a dois dos principais grupos ciganos da Europa
Ocidental. Uma designação logrou êxito, a de uma antiga seita herética
vinda da Ásia Menor à Grécia, os Tsinganos, dos quais subsistia –
quando da chegada dos ciganos à terra bizantina – a fama de mágicos e
adivinhos.
Os gregos diziam Gyphtoï ou Aigyptiaki; os albaneses,
Evgité. Depois que partiram das terra gregas, ficou-lhes esse nome, sob
diversas formas. O nome Égyptien era de uso corrente na França do séc.
XV ao XVII. Em espanhol, Egiptanos, Egitanos, posteriormente Gitanos
(de onde surgiu Gitans em francês); às vezes em português Egypcios; em
inglês Egypcians ou Egypcions, Egypsies, posteriormente Gypsies; em
neerlandês, Egyptenaren, Gipten ou Jippenessen.
LÍNGUA
A
língua cigana (o romani) é uma língua da família indo-européia. Pelo
vocabulário e pela gramática, está ligada ao sânscrito. Fazendo parte
do grupo de línguas neo-indianas, é estreitamente aparentada a línguas
vivas tais como o hindi, o goujrathi, o marathe, o cachemiri. No
entanto, eles assimilariam muitos vocábulos das línguas dos países por
onde passaram.
RELIGIÃO
Os ciganos, ao deixarem a Índia,
não carregaram suas divindades. Eles possuíam na sua língua apenas uma
palavra para designar Deus (Del, Devel). Eles se adaptaram facilmente
às religiões dos países onde permaneceram. No mundo bizantino,
tornaram-se cristãos. Já no início do século XIV, em Creta, praticavam o
rito grego. Nos países conquistados pelos turcos, muitos ciganos
permaneceram cristãos enquanto que outros renderam-se ao Islã. Desde
suas primeiras migrações em direção ao Oeste eles diziam ser cristãos e
se conduziam como peregrinos.
A peregrinação mais citada em
nossos dias, quando nos referimos aos ciganos, é a de
Saintes-Maries-de-la-Mer, na região da Camargue (sul da França).
Antigamente era chamada de Notres-Dames-de-la-Mer. Mas não foi provado
que, sob o Antigo Regime, os ciganos tenham tomado parte na grande
peregrinação cristã de 24 e 25 de maio, tão popular desde a descoberta
no tempo do rei René, das relíquias de Santa Maria Jacobé e de Santa
Maria Salomé, que surgiram milagrosamente em uma praia vizinha. Nem que
já venerassem a serva das santas Marias, Santa Sara a Egípcia, que
eles anexarão mais tarde como sua compatriota e padroeira.
A
origem do culto de Santa Sara permanece um mistério e foi provavelmente
na primeira metade do século XIX que os Boêmios criaram o hábito da
grande peregrinação anual à Camargue.
::.. Os Costumes do Povo Cigano ..::
Os ciganos não representam um povo compacto e homogêneo, mesmo
pertencendo
a uma única etnia, existe a hipótese de que a migração desde a Índia
tenha sido fracionada no tempo, e que desde a origem fossem divididos
em grupos e subgrupos, falando dialetos diferentes.
As diferenças
no tipo de vida, a forte vocação ao nomadismo de alguns, contra a
tendência à sedentarização de outros gera uma série de contrastes que
não se limitam a uma simples incapacidade de conviver pacificamente.
Em
linhas gerais, os Sintos são menos conservadores e tendem a esquecer
com maior rapidez a cultura dos pais. Talvez este fato não seja
recente, mas de qualquer modo é atribuído às condições socioculturais
nas quais por longo tempo viveram.
Quanto aos Rom de imigração
mais recente, se nota ao invés uma maior tendência à conservação das
tradições, da língua e dos costumes próprios dos diversos subgrupos.
Sua origem desde países essencialmente agrícolas e ainda
industrialmente atrasados (leste europeu) favoreceu certamente a
conservação de modos de vida mais consoantes à sua origem.
Não é
possível, também em razão da variedade constituída pela presença
conjunta de vários grupos, fornecer uma explicação detalhada das
diversas tradições. Alguns aspectos principais, ligados aos momentos
mais importantes da existência, merecem ser descritos, ao menos em
linhas gerais.
Antigamente era muito respeitado o período da
gravidez e o tempo sucessivo ao nascimento do herdeiro; havia o
conceito da impureza coligada ao nascimento, com várias proibições para
a parturiente. Hoje a situação não é mais tão rígida; o aleitamento
dura muito tempo, às vezes se prolongando por alguns anos.
No
casamento tende-se a escolher o cônjuge dentro do próprio grupo ou
subgrupo, com notáveis vantagens econômicas. Um cigano pode casar-se
com uma gadjí, isto é, uma mulher não cigana, a qual deverá porém
submeter-se às regras e às tradições ciganas.
A importância do
dote é fundamental especialmente para os Rom; no grupo dos Sintos se
tende a realizar o casamento através da fuga e conseqüente
regularização. Aos filhos é dada uma grande liberdade, mesmo porque
logo deverão contribuir com o sustento da família e com o cuidado dos
menores.
No que se refere à morte, o luto pelo desaparecimento de
um companheiro dura em geral muito tempo. Junto aos Sintos parece
prevalecer o costume de queimar-se a kampína (o trailer) e os objetos
pertencentes ao defunto.
Entre os ritos fúnebres praticados pelos
Rom está a pomána, banquete fúnebre no qual se celebra o aniversário
da morte de uma pessoa. A abundância do alimento e das bebidas exprimem
o desejo de paz e felicidade para o defunto.
NASCIMENTO
Uma
criança sempre é bem vinda entre os ciganos. É claro que sua
preferência é para os filhos homens, para dar continuidade ao nome da
família. A mulher cigana é considerada impura durante os quarenta dias
de resguardo após o parto.
Logo que uma criança nasce, uma pessoa
mais velha, ou da família, prepara um pão feito em casa, semelhante a
uma hóstia e um vinho para oferecer ás três fadas do destino, que
visitarão a criança no terceiro dia, para designar sua sorte. Esse pão e
vinho será repartido no dia seguinte com todos as pessoas presentes,
principalmente com as crianças.
Da mesma forma e com a finalidade
de espantar os maus espíritos, a criança recebe um patuá assinalado
com uma cruz bordada ou desenhada contendo incenso. O batismo pode ser
feito por qualquer pessoa do grupo e consiste em dar o nome e benzer a
criança com água, sal e um galho verde. O batismo na igreja não é
obrigatório, embora a maioria opte pelo batismo católico.
CASAMENTO
Desde
pequenas, as meninas ciganas costumam ser prometidas em casamento. Os
acertos normalmente são feitos pelos pais dos noivos, que decidem unir
suas famílias.
O casamento é uma das tradições mais preservadas
entre os ciganos, representa a continuidade da raça, por isso o
casamento com os não ciganos não é permitido em hipótese alguma. Quando
isso acontece a pessoa é excluída do grupo.
É pelo casamento
que os ciganos entram no mundo dos adultos. Os noivos não podem Ter
nenhum tipo de intimidade antes do casamento. Quando o casamento
acontece, durante três dias e três noites, os noivos ficam separados
dando atenção aos convidados, somente na terceira noite é que podem
ficar pela primeira vez a sós.
Mesmo assim, a grande maioria dos
ciganos no Brasil, ainda exigem a virgindade da noiva. A noiva deve
comprovar a virgindade através da mancha de sangue do lençol que é
mostrada a todos no dia seguinte. Caso a noiva não seja virgem, ela
pode ser devolvida para os pais e esses terão que pagar uma indenização
para os pais do noivo.
No caso da noiva ser virgem, na manhã
seguinte do casamento ela se veste com uma roupa tradicional colorida e
um lenço na cabeça, simbolizando que é uma mulher casada. Durante a
festa de casamento, os convidados homens, sentam ao redor de uma mesa
no chão e com um pão grande sem miolo, recebem dos os presentes dos
noivos em dinheiro ou em ouro.
Estes são colocados dentro do pão
ao mesmo tempo em que os noivos são abençoados. Em troca recebem
lenços e flores artificiais para a mulheres. Geralmente a noiva é paga
aos pais em moedas de ouro, a quantidade é definida pelo pai da noiva.
MÚSICA E DANÇA
Quando
os ciganos deixaram o Egito e a Índia, eles passaram pela Pérsia,
Turquia, Armênia, chegando até a Grécia, onde permaneceram por vários
séculos antes de se espalharem pelo resto da Europa.
A influência
trazida do oriente é muito forte na música e na dança cigana. A música
e a dança cigana possuem influência hindu, húngaro, russo, árabe e
espanhol. Mas a maior influência na música e na dança cigana dos
últimos séculos é sem dúvida espanhola, refletida no ritmo dos ciganos
espanhóis que criaram um novo estilo baseado no flamenco.
Alguns
grupos de ciganos no Brasil conservam a tradicional música e dança
cigana húngara, um reflexo da música do leste europeu com toda
influência do violino, que é o mais tradicional símbolo da música
cigana. Liszt e Beethoven buscaram na música cigana inspiração para
muitas de suas obras.
Tanto a música como a dança cigana sempre
exerceram fascínio sobre grandes compositores, pintores e cineastas. Há
exemplos na literatura, na poesia e na música de Bizet, Manuel de
Falla e Carlos Saura que mostram nas suas obras muito do mistério que
envolve a arte, a cultura e a trajetória desse povo.
No Brasil, a
música mais tocada e dançada pelos ciganos é a música Kaldarash,
própria para dançar com acompanhamento de ritmo das mãos e dos pés e
sons emitidos sem significação para efeito de acompanhamento. Essa
música é repetida várias vezes enquanto as moças ciganas dançam.
MORTE
Os
ciganos acreditam na vida após a morte e seguem todos os rituais para
aliviar a dor de seus antepassados que partiram. Costumam colocar no
caixão da pessoa morta uma moeda para que ela possa pagar o canoeiro a
travessia do grande rio que separa a vida da morte.
Antigamente
costumava-se enterrar as pessoas com bens de maior valor, mas devido ao
grande número de violação de túmulos este costume teve que ser mudado.
Os ciganos não encomendam missa para seus entes queridos, mas oferecem
uma cerimônia com água, flores, frutas e suas comidas prediletas, onde
esperam que a alma da pessoa falecida compartilhe a cerimônia e se
liberte gradativamente das coisas da Terra.
As cerimônias
fúnebres são chamadas “Pomana” e são feitas periodicamente até
completar um ano de morte. Os ciganos costumam fazer oferendas aos seus
antepassados também nos túmulos.
Retirado do Site: http://www.reinodeoxum.com.br
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"O sentimento é uma flor delicada;
manuseá-la é machucá-la."
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